A secretária executiva para o estado de Minas Gerais, Thais Profeta, esteve no Haiti no mês de abril deste ano juntamente com a equipe da Operação Philippos, fundada pelo graduado internacional do Haggai, Leonardo Paulino.

Foto de parte do grupo, partindo para o Haiti
Foto de parte do grupo, partindo para o Haiti

Aqui está seu relato sobre a viagem:

Ao chegarmos ao Aeroporto Internacional Toussaint Louverture, em Porto Príncipe, em 1º de abril, já pudemos constatar a dificuldade de emprego frente a tantos haitianos discutindo entre si e quase brigando para levarem os carrinhos de bagagem até o carro.

Fomos de tap-tap, transporte local, para a base missionária da MAIS – Missão de Ajuda a Igreja Sofredora, fundada pelo pastor Mário Freitas.
No caminho da base, algo me chocou mais do que ver as crianças desnutridas, com fome e sede: ver um país inteiro sem infra-estrutura básica de transporte, alimentação, educação, saúde, água, coleta de lixo, etc. Isso realmente me comoveu. O Brasil possui bolsões de pobreza, mas, como um todo, não é um país miserável.

Foto da praça onde opera o mercado
Foto da praça onde opera o mercado

Nessa primeira fase, foram quatro dias intensos de muito calor, poeira, sede e lágrimas. As necessidades são totais, imediatas e reais, que vão desde água potável, coleta de lixo, mercado, até escolas, hospitais, estradas. Uma infinidade de coisas. O mercado central lá foi denominado pela ONU como “Cozinha do Inferno”.

Chegando à base, nos encontramos com os demais membros da equipe que tinham ido na semana anterior e fomos para a igreja “Eglise Brebis de Jesus Christ”, uma igreja pequena, simples, escura, com pouca iluminação, bancos de madeira. Isso me fez refletir no quanto somos ingratos pela infra-estrutura das nossas igrejas no Brasil. Reclamamos pela falta ar-condicionado, porque o banco não está tão confortável quanto poderia ser ou que o som está muito alto. Nessa igreja, mais ou menos 50 membros louvavam a Deus sem se importarem com os bancos de madeira velha, da iluminação precária e da falta de instrumentos. 

Chegando à igreja Brebis de Jesus Christ
Chegando à igreja Brebis de Jesus Christ

Nos três dias que se seguiram, lecionei a matéria de Gestão de Projetos no curso de Desenvolvimento Comunitário promovido pela MAIS na parte da manhã e visitei os campings e orfanatos à tarde. Já atuei como intérprete de pastores e missionários americanos mas esta foi a primeira vez que precisei de um intérprete, pois a lingua oficial do Haiti é o crioulo e o francês. A aula foi ministrada em inglês e eu tinha um intérprete para crioulo, o Judex Vital, um obreiro haitiano da MAIS que hoje está no Brasil cursando Administração em Vitória. Alguns alunos arranhavam o inglês e, quando necessário, também ajudavam o intérprete. A receptividade dos alunos foi supreendente. Utilizei a dinâmica dos palitos para falar sobre a importância do planejamento na construção da maior torre e a dinâmica do espelho para reconhecerem seu valor como agentes de mudança no seu país. Pois a minha presença seria temporária, estava ali para lhe ensinar técnicas, mas o trabalho deles é que mudará o seu país.

Trabalho junto à Eglise de Bonna Velle
Trabalho junto à Eglise de Bonna Velle

Como auditora interna voluntária da Operação Philippos também tive a oportunidade de visitar na parte da tarde o trabalho desenvolvido pelo missionário local Ezechiel junto às crianças do camping Corrail e da Eglise de Bonna Velle onde a Operação Philippos ajuda no sustento de cerca de 70 crianças. Na oportunidade, a equipe que foi fez atendimento médico, odontológico, brincadeiras com as crianças, distribuimos doações, medicamentos, alimentos e fizemos novos contatos.

Durante uma dessas visitas também dei uma aula de inglês para os haitianos na Eglise de Bonna Velle, pois a professora estava atrasada. Não tinha material, powerpoint, livro, somente o conhecimento e a criatividade que Deus me deu na hora. Bem, se esse pessoal tira leite da pedra e está com um sorriso no rosto, é ruim de eu não conseguir dar uma aula de inglês para um grupo heterogêneo de cerca de 40 homens, mulheres, crianças, adolescentes, jovens e adultos. Trabalhei em cima da letra da música que eles cantaram.

Essa viagem foi uma experiência singular, marcante e inesquecível. Algo enriquecedor e edificante. Continuamos a ajudar as crianças no Haiti e Moçambique através da Operação Philippos. Este ano meu desafio será ensinar na Escola de Crianças em Risco na Índia.

Abraços,

Thais Profeta