No centenário da evangelização indígena no Brasil, aconteceu o 7º Congresso Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas (CONPLEI), entre os dias 18 e 22 de julho, nas instalações do Centro de Treinamento Ami, na Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso.
O CONPLEI é promovido a cada quatro anos. Neste ano, ele reuniu representantes de 81 etnias indígenas, 15 países representados e em torno de 2300 inscritos. Foi uma festa cultural, uma expressão da diversidade da igreja do Senhor Jesus. Nas palavras de Henrique Terena, presidente do CONPLEI, “o congresso é um tempo de muita festa cultural, cada povo veste suas roupas típicas, faz suas pinturas no corpo, cantam suas musicas na língua materna, dançam, trazem seus artesanatos, enfim, é um momento de expressar tudo que há de melhor em sua cultura e mostrar assim que o evangelho não destrói nenhuma cultura, mas a enriquece e completa”.
Dois graduados do Instituto Haggai do Brasil participaram do evento, ambos de Campo Grande, MS. Um foi o pastor Onésimo de Arruda, missionário da Missão Indígena Terena, que atua como discipulador, divulgador da missão e como colaborador na Igreja Presbiteriana do bairro Amambaí. O segundo participante foi o pastor da 3ª Igreja Batista de Campo Grande, Mauro Clementino da Silva, que deixou um testemunho sobre o evento.
Aqui estão as impressões do pastor Mauro Clementino sobre esse importante congresso nacional, que reuniu três gerações de esforço missionário:
Tive o grande privilégio de participar do 7º CONPLEI na Chapada dos Guimarães, MT. Confesso que há muito tempo não havia participado de algo tão chocante e profundo. Foram dias de grande enlevo espiritual e muita socialização, confraternização e compartilhamento.
O tema foi: “Terceira Onda Missionária - Em cada povo uma igreja genuinamente indígena”. A primeira onda missionária foi liderada pela força missionária estrangeira; a segunda, pela força missionária nacional; a terceira onda, pela força missionária indígena. Todas elas comprometidas em levar o evangelho de Cristo às outras etnias não alcançadas, há muito por fazer. Somente no Brasil existem hoje mais de 120 tribos ainda não alcançadas e 50 tribos onde o evangelho chegou, mas ainda não tem liderança própria.
Tendo sido expostos ao conteúdo das palestras, testemunhos e apresentações coreográficas indígenas, fomos desafiados à obra missionária indígena em pelo menos três áreas claras:
1) Ajudar na formação do indígena (tanto no treinamento teológico dos vocacionados quanto no treinamento em atividades práticas que visem seu sustento financeiro);
2) Contribuir financeiramente para o treinamento missionário indígena para que ele (indígena) tenha condições de alcançar os povos indígenas não alcançados. Isto dá uma enorme velocidade e elasticidade a todo processo pois o indígena já tem a cultura, a língua e todo o conhecimento natural a seu favor, sem falar no fato de que o índio considera o outro índio como seu irmão;
3) Contribuir financeiramente para a tradução da Bíblia para as línguas indígenas, feita pelo próprios indígenas com apoio de missionários (sejam eles internacionais ou nacionais). O índio tem o conhecimento da língua e o missionário o conhecimento da teologia. Isso fará com que a tradução da Bíblia seja feita de forma muito mais rápida do que é feita atualmente quando apenas duas tribos tem a Bíblia por completo.
O evento foi tremendo e nos inspirou a apoiar mais esse ministério, a colaborar com a Terceira Onda Missionária da evangelização indígena no Brasil, a dos próprios indígenas brasileiros, uma visão muito próxima da visão do Instituto Haggai, que é de “líderes locais que evangelizam seu próprio povo”.
Pastor Mauro Clementino